Hoje eu vim contar um pouco da história de decisões sobre
minha vida acadêmica.
Até os 12 anos eu queria ser cantora e não me imaginava
fazendo nada mais além de cantar, mas foi aos 14 que me vi obrigada a decidir
qual profissão queria levar para o resto da vida. E como eu poderia saber?
No meu ensino fundamental inteiro estudei em escola
particular com os contínuos esforços dos meus pais para isso, mas minha mãe
sempre me alertava que para o ensino médio eu deveria prestar concurso para uma
instituição pública, pois ela sabia que existiam ótimas escolas de ensino médio
que iriam me garantir uma profissão ao final, os famosos técnicos.
Minha família não tinha condições de pagar um curso
preparatório, então comecei a participar de um projeto de estudos para prestar
concurso, no qual visa ajudar pessoas que não tem dinheiro para esse tipo de
investimento. O projeto do Bruninho foi essencial na minha vida, era um
incentivo e um intensivão criado pelo Bruno Figueiredo, um cara sensacional que
não media esforços para ajudar esses adolescentes a crescerem e alcançarem seus
objetivos, assim como ele conseguiu. O objetivo do Bruno era ajudar essas
pessoas a conquistarem seus sonhos, vencerem as dificuldades e construírem uma
nova história, assim como ele conseguiu mudar sua própria realidade. Tenho
certeza que o Bruno foi o anjo na vida de milhões de jovens que tiveram contato
com esse projeto lindo, assim como foi na minha vida.
E foi através dele que tive base para passar para uma das
melhores instituições de ensino do Brasil, a IFRJ.
Lá iniciei os estudos no curso técnico de controle ambiental,
mas depois de 3 períodos mudei para o curso de química. Incentivada pelas
famosas séries de TV, como CSI, me inspirei para seguir a carreira de perito
criminal, focando na química forense.
No final de cada período a minha maior preocupação sempre
foi as químicas, eu ficava pendurada pelo pescoço por essas matérias, cortava
um dobrado para conseguir passar e quando ficava de recuperação era sempre
culpa das analíticas, isso já deveria ter sido um sinal claro de que algo
estava errado.
Mas foi só depois de 4 anos, quando eu já ia para a
instituição torcendo para que os professores faltassem tanto em dia de aula
teórica quanto em dia de aula prática; quando notei o brilho nos olhos de meus
colegas de turma com os resultados de laboratório, dos quais eu não dava a
mínima, que tive a certeza que não estava em um curso que me satisfizesse como
pessoa.
Foi nesse mesmo ano que fiz o Enem e estava disposta a mudar
completamente minha futura área profissional, pensei em fazer Biomedicina e
estive convicta de que neste curso me encontraria, mas depois de uma conversa
longa e decisiva com uma das minhas melhores amigas, logo desisti da ideia de
encarar cálculos biofísicos dessa grade e aceitar que minha alma era puramente
humanas.
E foram nessas mesmas conversas que ouvi alguns conselhos
sobre minhas próprias aptidões e talentos, que antes havia ignorado, e resolvi
tentar embarcar na faculdade de comunicação social – Publicidade e Propaganda.
A grande questão é que, após esses tipos de decisões, as
pessoas te apontam como louca, dizem que você perdeu muito tempo num curso que
não pretende seguir e muitas vezes te incentivam a permanecer na profissão que
não quer só pelo dinheiro, assumindo que a satisfação pessoal não é algo que
importa. O fato é que loucura seria se eu as desse ouvido. Louca eu ficaria se
passasse o resto da vida numa profissão que não me sinto bem. Quanto ao tempo
perdido, tenho de discordar. Além de que o tempo seja muito relativo e muitas
vezes inexistente, acima de tudo conhecimento nunca se perde. E tenho total
certeza de que todo esse tempo, da forma como foi, era estritamente necessário.
O último julgamento, porém, preciso me estender mais para
abordá-lo. As pessoas me dizem a todo instante que devo me preocupar em fazer
dinheiro e garantir o meu, afinal, filha de pais pobres precisa fazer
sacrifícios para ascender financeiramente. Mas eu me recuso a me guiar por
essas linhas desordenadas da ambição, que nos carregam para a inevitável
infelicidade. Creio que o trabalho e o dinheiro são necessários, mas que a vida
só tem um propósito quando se é vivida para a felicidade. Sendo assim, não
posso aceitar o argumento mesquinho do dinheiro acima do bem-estar, ou não
estarei contribuindo com os meus objetivos de vida. Afinal, do que me adianta
trabalhar em algo que não me dá prazer, apenas pela recompensa financeira,
quando todo amanhecer será uma luta para seguir adiante? E infelizmente, o
resultado desse tipo de pensamento que vejo se alastrando pelas pessoas, é a
crescente onda de pessoas depressivas e muitas vezes pode contribuir com o
aumento no número de casos de suicídios. Não é à toa que este vem sendo o mau
do século, quando em sua grande maioria as pessoas priorizam o dinheiro a seu
próprio bem-estar. E eu espero que este argumento que tanto tenho ouvido venha
cair por terra e que as pessoas passem a priorizar cada vez mais a sua sanidade
do que a seus interesses materiais.
E não vou mentir, algumas vezes você pode até querer vacilar
e ouvir essas pessoas, porque o medo de falir é grande e a gente sempre tende a
correr para o caminho mais seguro, aquele que as pessoas te afirmam que dá mais
certo. Porém nem sempre aquele caminho mais seguro é o mais certo para você, e a
sua felicidade deve ser sua maior responsabilidade. Ponha-se sempre em primeiro
lugar, ame a si mesmo e tome as decisões que você acha ser o melhor para si,
mas tendo a certeza que não está fazendo escolhas por influenciação de
terceiros ou medo do desconhecido, pois se esse desconhecido é o que tem
chamado por você, vai com medo mesmo.
Nos próximos posts vou abordar mais sobre como foi minha
experiência no técnico, como descobri que na verdade queria fazer comunicação
social e a importância do exercício de autoconhecimento no dia a dia.
Mas me conta, quais foram as reviravoltas acadêmicas na vida
de vocês?